Lusitano Administrador
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Colocada: 01 Ago 2007 17:32 Assunto: Portugal aprova standard OOXML proposto pela Microsoft |
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Como estava definido, a Comissão Técnica criada pelo Instituto de Informática para avaliação do processo de normalização do Open XML (OOXML) reuniu ontem para a votação final, decidindo a favor da aprovação da norma com 13 votos a favor e 7 contra. O processo, que esteve envolto em polémica desde o início, fica assim decidido em favor da nova norma utilizada nos documentos do Office.
Como o TeK tinha já noticiado, este não foi um processo pacífico, movimentando petições a nível nacional e internacional e tendo sido amplamente criticado em blogs e vários artigos de opinião por diversas razões, entre as quais se contam o facto da comunidade open source não considerar o OOXML um standard aberto e porque já existe um para documentos estruturados (o ODF proposto pela OASIS). Somam-se a estes argumentos o facto de terem ficado de fora da comissão técnica portuguesa duas empresas que defendem o formato ODF (a IBM e a Sun) e de o presidente eleito pela comissão ser funcionário da Microsoft Portugal.
O processo de normalização do Open XML foi apreciado por uma comissão técnica criada pelo Instituto de Informática em quem o IPQ - Instituto Português de Qualidade delega competências no que se refere às normas para as Tecnologias da Informação. O sistema é semelhante ao de outros países que têm vindo a votar a norma, alguns de forma favorável e outros recusando a sua criação, votos que são depois considerados pelo organismo internacional responsável pela normalização, o ISO.
Rui Seabra, vice-presidente da Ansol, mostra-se muito crítico relativamente a todo o processo. "É assim que uma CT sem representatividade, presidida pela Microsoft, com mais vários business partners, e amigos ou pessoas que optaram por ignorar todo o historial anticompetitivo da Microsoft, indo ao ponto de forjar apoios ao OOXML, decide em favor do OOXML".
Depois de tomar conhecimento destas posições, Marcos Santos lamenta as questões levantadas sobre a idoneidade do presidente da Comissão Técnica. "Desafio qualquer pessoa que tenha estado na Comissão a apontar alguma atitude menos clara do presidente da Comissão. O facto de ele ser da Microsoft não tem qualquer importância para este caso”.
O responsável pela estratégia de plataformas da Microsoft Portugal defende em declarações ao TeK que a votação foi equilibrada, como mostra o resultado de 13 votos positivos contra 7 negativos. "Este é um óptimo final para a votação da comissão técnica, com o voto positivo para o OOXML. Com dois formatos standard aprovados os consumidores podem escolher o que mais lhes interessa", sublinha.
Marcos Santos recusa ainda a ideia de que a Microsoft poderá ter forjado apoios ao Open XML, apontando essas afirmações como mentiras. "Não houve nenhum apoio forjado. A Microsoft partilhou com a Comissão Técnica todos os apoios que recebeu de várias entidades, desde instituições de ensino a entidades públicas, bancos e empresas". Como exemplo citou o facto de mais de 90 por cento das empresas cotadas no PSI 20 terem mostrado o seu apoio ao formato Open XML, afirmando que este contribui de forma positiva para a economia do país.
Gustavo Homem, director técnico da Ângulo Sólido, que tinha já escrito um artigo de Opinião para o TeK antes da votação onde apresentava todos os seus argumentos contra a aprovação desta norma, acrescenta também críticas quanto à forma como foi gerida a comissão técnica. "A representatividade desta comissão é duvidosa: ficaram de fora por alegada falta de espaço empresas importantes (Sun, IBM,..), Universidades e Institutos (IST, INESC, LIP) e não estiveram presentes representantes de arquivos e bibliotecas com óbvio interesse no assunto", apontando como razões o facto da comissão não estar amplamente divulgada e "quando foi reaberta por pressão no IPQ não ter havido tempo para todas as partes interessadas se manifestarem, para além de o Instituto de Informática ter aceite as entidades por ‘suposta ordem de inscrição’ sem nenhum critério qualitativo".
Em declarações ao TeK Gustavo Homem acrescenta ainda um ponto considerado relevante: os três sentidos de voto possíveis na Comissão Técnica eram Não (com comentários), Sim (com comentários opcionais) e Abstenção. "A opção 'Não com comentários' permitiria também aprovar o standard, tendo como condição a resolução das falhas apontadas: ou seja era um sim condicional".
Como 13 dos votos foram "Sim" claros, não serão tomadas medidas correctivas que podiam ser introduzidas, alterando a proposta de norma, sublinha Gustavo Homem. "Podendo ter-se optado por aprovar aquele mesmo standard após correcções, optou-se por aprová-lo mantendo as incorrecções, que se tornaram óbvias e foram admitidas mesmo por vogais que votaram ´Sim'", o que na sua opinião "configura um voto político".
A opinião não é de maneira alguma partilhada por Marcos Santos, que advoga que "o facto da Microsoft abrir este formato é um avanço imenso. Existem biliões de documentos do Office criados em todo o mundo e era necessário assegurar que no futuro se podia continuar a abrir e ler esses documentos. Daqui a 50 anos se a Microsoft e o Office já não existirem as empresas e os utilizadores vão poder continuar a aceder ao formato Open XML", acrescenta o responsável pela estratégia de plataformas da Microsoft Portugal.
O TeK contactou também o presidente da Comissão Técnica, Miguel Sales Dias - que é também Director do Centro Microsoft para o Desenvolvimento da Linguagem - para pedir um comentário à decisão, mas tal não foi possível até à hora de fecho desta peça.
A soma dos votos dos vários países que integram a ISO irá decidir se o OOXML se converte ou não em norma internacional, o que deverá acontecer até Setembro. A Dinamarca, Áustria, Sérvia e o Egipto estão entre os países que votaram favoravelmente o OOXML. Do lado contrário ficam os Estados Unidos - que votou contra - e a Espanha - que se absteve.
http://tek.sapo.pt/4L0/762309.html |
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